Antes de mais nada, vou deixar claro que não sou perito nem especialista em cinema (estou longe de ser) e tudo o que está escrito aqui é com base nos filmes que vi.
O cinema nacional é maravilho! Então porque tanta gente odeia? Vamos por parte. Primeiro fator: síndrome do vira-lata, aquela velha ideia que as pessoas têm de que nada do que é feito no Brasil presta, com o cinema não seria diferente. O cara pode achar aquele filme do Adam Sandler ótimo e desprezar o Auto da Compadecida só porque é nacional. O cara pode não ter visto nenhum filme brasileiro pelo simples fato de ter sido produzido aqui, ele já vem com aquele pensamento “é ruim, é nacional então é ruim, vou aqui ver Transformer”
Acho que esse é um dos piores fatores, porque a síndrome do vira-lata é difícil de curar e se propaga. Você está na fila do cinema e ouve a pessoa do lado falar, “nossa, filme nacional é uma bosta”, aquilo te contagia e você vai preferir ver Cinquenta Tons de Cinza.
Segundo fator: vendo os filmes errados. Não que tenha filme errado, não é isso, mas não dá para medir a grandiosidade do nosso cinema a partir daquela comédia água-com-açúcar que está bombando. Esses filmes são bem pontuais, vão entreter naquele momento mas, nada que possamos dizer “nossa, filmão eim”. Na época que o filme Que Horas Ela Volta? estreou ele saiu em poucas salas de cinema, geralmente nas grandes capitais, e estamos falando de um filme premiado. Minha mãe é uma peça saiu no país todo e com vários horários. Claro que isso depende da distribuidora, da divulgação, mas depende também do interesse do público por esse tipo de filme, ou seja, se o público no geral se interessasse mais, haveria mais filmes nacionais em cartaz.
O fato é que já temos comentários prontos para criticar nosso cinema. Um amigo disse que nossos filmes são ruins, mas ele mesmo viu muito pouco para poder tirar essa conclusão. Outro disse que apenas 0,1% são bons, mas não soube listar quando questionei que ele deve ter visto filme pra caramba para tirar essa conclusão. Na página da Ansine comentaram “se é com a Regina Casé então é ruim”, detalhe que ela estava ótima no papel. Resumindo, falamos muito e vemos pouco. Ninguém tem embasamento para críticas, ninguém está disposto a ver mais filmes, ninguém está de coração aberto para o nosso cinema.
O assunto é extenso, as opiniões são muitas, mas eu só queria deixar essa lista de filmes que eu gosto bastante e que, se você estiver de coração aberto, vai te agradar também.
E eu juro que não tenho nada contra Cinquenta Tons de Cinza, nem Transformers, nem nenhum filme do gênero :)
O Auto da Compadecia
Clássico de 1999, se passa no sertão nordestino e tem como personagens principais João Grilo e Chicó. Os dois são pobres e vivem de golpes e pequenos negócios. Em um dos golpes eles se metem com um temido cangaceiro e até contas ao diabo eles têm que prestar.
Lisbela e o Prisioneiro
Outro filme que tem como plano de fundo o nordeste, trás Lisbela, moça amante do cinema e Leléu, malandro conquistador. Os dois acabam se conhecendo e logo se apaixonam, mas Lisbela está noiva. Além dos problemas que essa paixão causa, um matador está atrás de Leléu.
Bicho de Sete Cabeças
Um Rodrigo Santoro novinho dá vida a Neto, um jovem que tem um difícil relacionamento com seu pai Wilson, a situação chega a um ponto extremo e Wilson manda seu filho ao manicômio. Lá ele convive com situações terríveis de um sistema que consome suas presas lentamente.
Cidade de Deus
Se passa na favela de Cidade de Deus em meados de 1970. Buscapé, jovem pobre que cresceu cercado pela violência, seguiu um caminho diferente do irmão e amigos graças ao seu talento fotográfico. Paralelo a isso o filme trás a história do traficante Zé Pequeno.
Meu Pé de Laranja Lima
Zezé é um garoto de oito anos, muito levado, que mora no interior de minas e vive uma vida bem simples devido seu pai estar desempregado há bastante tempo. Passa horas conversando com um pé de laranja lima que tem no quintal de sua casa. Conhece Portuga, apesar de uns atritos eles acabam se tornando bons amigos. A trama é bem complexa.
O Home do Futuro
Filme de comédia com ficção cientifica, trás Wagner Moura como Zero, um cientista meio maluco e amargo que constrói uma máquina do tempo para voltar o passado e consertar seus erros. O problema é que sempre que ele volta algo no futuro se altera, sempre causando mais estragos no presente.
Deus é Brasileiro
Deus (Antônio Fagundes) decide tirar férias e está a procura de um substituto, decide vir ao Brasil, terra muito religiosa, a procura de um santo. Taoca, borracheiro e pescador, é seu guia junto com Madá, moça cheia de paixão. O filme percorre paisagens de Alagoas, Tocantins e Pernambuco.
Que horas ela volta
Filme premiado, trás Regina Casé ótima no papel de Val, uma pernambucana que vai para São Paulo em busca de melhores condições para sua filha, Jéssica. Anos mais tarde, Jéssica liga avisando que irá para São Paulo prestar vestibular e ficará com a mãe. Os patrões de Val acolhem bem a menina, a principio, mas fica escancarado as diferenças entre patrão e empregada.
Valorizem o cinema nacional :)